O SOLDADINHO E A BAILARINA
Em uma destas noites mágicas, ouvi um chorinho baixinho, mas parecia vir de meu quarto, ou melhor da minha caixa de brinquedos. Assustado com o barulhinho, mas curioso, levantei-me e em passos lentos me direcionei até a caixa que há muito tempo não a abria.
Quando me aproximei aquele barulhinho aumentou, abri a caixa e sentadinho em um dos meus cubos mágicos estava meu Soldadinho, um dos meus brinquedos favoritos.
Ele estava ali, realmente choramingando, quando me viu quis se esconder, mas eu disse:
_ Meu Soldadinho, sou eu, seu grande amigo.
Ele parou por um segundo e voltou a sentar, meio sem jeito enxugando o rostinho tão pequeninho. Eu não conseguia conter a emoção em vê-lo, lembrei-me das nossas lutas grandiosas contra os meus dinossauros, hahahaha.
_ O que houve meu pequeno grande herói?
Ele sorriu e respondeu:
_ Meu amigo quanto tempo não passas pela caixa para sairmos às nossas lutas tão divertidas?
_ Eu sei, meu amiguinho, mas estive muito ocupado. Olhei para minha cama e noto a luz do celular acessa, bom está era minha nova ocupação, mas claro que não disse isso a ele e voltei a indagá-lo:
_ Isso agora não importa, Soldadinho, apenas diga-me, o que houve, posso ajuda-lo?
_ Bom, meu amigo, perdi meu quepe e já olhei por toda a caixa e não o encontro, como posso ser um grande soldado sem meu quepe?
_ Ah! Tudo bem, vamos procurar eu irei contigo em todo o quarto e vamos encontrar.
Começamos nossa grande aventura pelo quarto, mas nada encontramos, por todo o tapete, pedimos aos dinossauros se por acaso não o devoraram, passamos pela fazendinha e nada encontramos. Comecei a me preocupar se talvez minha babá não havia varrido no lixo, mas continuamos por todo a busca e nada.
Olhava para o Soldadinho todo extasiado com a procura, para ele era a nossa maior aventura. De repente minha irmã, abriu a porta do quarto para buscar água, ficamos quietinhos, sem ruídos, apenas olhamos para sua porta aberta e o Soldadinho avista em sua escrivaninha uma caixinha de música, e nela tocando a musiquinha suave de balé e uma pequenina bailarina, seu intuito for esconder-se.
Logo sussurrei:
_ O que foi agora?
_ Olhe aquela formosura toda, que é a coisa mais linda que já vi em minha vida.
_ Vamos lá falar com ela, disse a ele. Quase pulou de minha mão ao chão. Calma, calma amigo. Que isso? Tu és um herói como pode ter medo de uma bonequinha?
_ Ah! Como posso a ela me apresentar sem meu quepe? O que irá pensar de mim? Não, nem pensar, não irei a lugar algum.
Então, fechei a porta e voltamos as buscas, mas nada encontramos. Agora ele só pensava na bailarina toda delicada e mais que tudo queria encontrar seu chapeuzinho, mas do mesmo modo não queria, pois sabia que teria que falar com ela. Eu apenas ria da situação.
Como agora era prioridade precisávamos de mais homenzinhos para a aventura nossa. Abri a caixa de brinquedos novamente e tiramos todos os companheiros soldados e deixamos as ordens. Pela casa todo havia soldadinhos perambulando para encontrarmos o quepe.
Os soldados começam a retornar, alguns feridos, hahaha, eles foram lambidos pelo Lucky, meu cachorro, outros voltaram com migalhas de pão, mas um a um foram retornando, sem notícias. Até que começam a voltar os que passaram pelo quarto de minha irmãzinha, eles tinham sido agarrados por ela, hahaha, voltaram cheios de batom.
Um dos soldados chega gritando:
_ Senhor, Senhor. Eu vi algo divino, algo tão lindo que quando passou o reflexo da lua em seu corpinho pude notar atrás da caixinha de música, seu quepe. Está lá com a Bailarina.
_ Como ousa olhar para a minha Bailarina? Quer dizer, como pode olhar para aquela doce bonequinha, ela não é para os seus olhos. Todo ciumento.
_ Eu não pude conter-me, ela é linda demais, Senhor. Perdoe-me, o importante é que o seu quepe está lá na caixinha dela. Apenas precisa ir buscar.
_ Nem pensar. Perdemos a guerra meus companheiros, vamos todos para nossos postos em nossa caixinha. Vocês foram muito valentes, estou honrado de ter participado desta busca com vocês. Não me contive ao ouvir as ordens do Soldadinho.
_ Eiii, é apenas uma boneca, pode ir e buscar, tenho certeza que ela não irá se importar em devolver e assim pode parar de espiar ela daqui, hahahaha. Ele nem me respondeu, virou as costinhas minúsculas e saiu para sentar novamente no meu dado. Eu precisava resolver isso.
_ Venha cá, eu irei com você falar com ela, vamos?
_ Irá mesmo?
_ Sim!
_ Tudo bem, vamos, mas ficarei atrás de você, não quero que ela me veja sem farda completa, o que irá ela pensar de mim?
_ Vamos lá.
Esperamos minha irmã descer para pegar sua água e abrimos nossa porta, lá estava ela rodando na pontinha dos pés. Quando me viu foi logo acalmando o giro.
_ Linda Bailarina, como danças tão bela! Viemos aqui para pedirmos sua licença, pois o quepe do meu amigo está em sua caixinha, minha irmã deve ter guardado sem querer.
_ Ah! Sim, ela guardou pois encontrou no tapete da frente de seu quarto mas ela não quis lhe acordar. Aqui está! Mas é muito pequeninho para você, não?
_ Sim, mas não é meu, não. - entreguei a ele, que se obrigou a sair de trás de mim: _ É dele.
_ Muito obrigada doce Bailarina.
_ De nada, Soldadinho!
Estavam os dois encantados um com o outro e poucas palavras pronunciaram. Agradeci e voltamos ao quarto. Claro que incentivei a ele a voltar na próxima noite para falar com ela.
E noite a noite, ele voltou e lentamente via ela rodopiar em seus pezinhos e todo encantado, mal pronunciava as palavras, e então em uma destas muitas noites, ela rodopiou e perdeu o equilíbrio, ele como estava próximo a segurou em seus braços. Olhou para ela e enfim, a beijou.
O Soldadinho agora tinha a sua Bailarina. No outro quarto, enquanto isso, eu e os soldadinhos do batalhão todo, os dinossauros e povo todo da minha caixa, assistíamos a cena, esperando quando ele iria se declarar. hahahaha.
Enfim, eles viveram o amor tão lindo quanto o rodopiar da bela Bailarina do doce Soldadinho.