TONS DE SAUDADE
O tempo, como um habilidoso pintor, preenchia a tela da vida com cores efêmeras e matizes inesquecíveis. E no palco das lembranças, a saudade desempenhava um papel sutil, mas marcante.
Era uma tarde outonal, com o sol lançando seus últimos raios dourados sobre as árvores que começavam a se despir de suas folhas. Uma brisa suave soprava, carregando consigo o perfume de um passado que parecia há muito tempo perdido.
Sentado à beira de um antigo banco de madeira, as mãos do tempo apertavam meu coração com uma mistura de doçura e melancolia. As memórias dançavam diante dos meus olhos, como se quisessem me lembrar da arte de sentir saudade. Naquele momento, as risadas de amigos que seguiram caminhos distintos ecoavam em minha mente, como notas suaves de uma canção distante. As histórias compartilhadas, os abraços apertados pareciam estar presos no tecido do tempo, nunca perdendo sua intensidade.
A saudade, uma visita constante, revelava-se como uma mestra paciente. Ensinava-me a apreciar cada momento efêmero, pois sabia que, em breve, se transformaria em lembranças. Cada ausência tornava-se uma testemunha silenciosa da riqueza dos encontros passados.
Mas, enquanto a saudade podia trazer consigo um toque de melancolia, também carregava consigo a promessa de um reencontro. Pois, assim como o sol se põe, preparando-se para nascer novamente, as memórias criam espaço para novas experiências.
Naquela tarde, abraçado pela saudade, percebi que ela não era apenas um eco do que já foi, mas também um convite para celebrar o que é, com a esperança de que, no futuro, olharemos para o presente com a mesma ternura que dedicamos ao passado.